quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"Internet Trexi"

Às vezes tenho vergonha de minha nacionalidade. De todas as tosqueiras desagradáveis que vejo na internet, quase todas estão em português. Estranhas coincidências.
O analfabetismo dos internautas brasileiros que vejo é um grande incômodo. Alguns casos chegam a ser assustadores e tenebrosos.

Não posso deixar de citar também a BURRICE. Fiquei extremamente surpreso ao ver o ícone de "Portal do Candidato" no site de inscrição da UFPE na Covest.
O designer teve a capacidade de colocar a logomarca do jogo Portal numa página dedicada a uma Universidade Federal.

terça-feira, 9 de março de 2010

Insights

1. 09/03/2010 "A última mentira é a verdade que prevalece."

2. 17/03/2010 "Se 'O Sexto Sentido' triunfou graças ao seu título, farei 'O Terceiro Braço' para ficar rico."

3. 17/03/2010 "Todo aquilo exposto a grandes públicos geralmente possui todas as qualidades subjetivas que o homem já nomeou. É um grande paradoxo."

4. 19/03/2010 "Eu sou teimoso."

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Doçódromo

Estou vivendo uma rotina. As coisas são tão previsíveis que eu sinto-me à vontade para ligar o "piloto automático". Assim eu tenho a habilidade de pensar livremente enquanto cuido das mesmices. Sem maiores preocupações, tenho tempo para filosofar. Digo que, afinal, há alguma vantagem em atuar como robô.
  Levo praticamente uma hora e meia para chegar em casa de ônibus quando saio do meu curso de inglês, lá pelas 22 horas. Pensar e pensar são as minhas únicas motivações para não me revoltar desse ciclo verrumante que estou preso atualmente. Na volta de hoje, andei pensando em relações que envolvem a felicidade.
  Felicidade é um sentimento que, como outro qualquer, é passageiro. Uma pessoa não pode "ser feliz" — do contrário equivale a dizer que você é um automótvel por estar dirigindo.
Michel Eyquem de Montaigne
Michel Eyquem de Montaigne
  Teve uma época na história, na transição da Idade Média para a Idade Moderna — o Renascimento —, na qual a ciência tomou mais autonomia e começou a desmentir "absurdos" que a Igreja afirmava, tais como o mundo ser um bloco com cachoeiras nascentes nas bordas que derramam água eternamente, num lugar hostil e cheio de monstros do mau. Esse fato causou dilema para muita gente: acreditar no que? Ciência ou Igreja? Assim surgiram muitos céticos, como o Michel de Montaigne, talvez o mais cético europeu da época, e o período foi conhecido como tempos de melancolia. Quem não acreditava em nada tinha uma vida realmente amargurada. Mas... céticos têm algum motivo para tomarem tal estilo de vida, certo? Sim: eles pensam muito. Significa que quem pensa muito tem menos da felicidade?
  Os religiosos têm a religião porque não duvidam de sua doutrina, evidentemente. Logo, convenhamos, não há muita necessidade para eles de se pensar muito nessa perspectiva. Alem do mais, muitos deles se consideram "felizes". Considerando cético o antagônico de cristão, neste sentido, quer dizer então que quanto mais pensamos, mais céticos e menos felizes ficamos? Eu diria "sim" por experiência própria.
  Aí cheguei em casa e achei um frasco de vidro com biscoitos doces que minha mãe comprou. Peguei um, comi e fui pro meu quarto. Alguns segundos depois, voltei, peguei outro e comi. A todo instante eu voltava à cozinha para pegar um biscoito delicioso daqueles. Minha gula por doce tem muito potencial.
  "Eu sei que esse troço aqui nem deve ter chocolate de verdade, e que comer doce demais faz mal, pode me deixar diabético e sei lá mais o que." penso. Mas, por mais que eu saiba disso tudo, impulsos irracionais me fazem comer mais. É aí que vem à mente rapidamente uma frase tosca, mas que rendeu muito: "a sensação de comer chocolate dá sentido à vida." Eu não lembro de onde eu gravei isso, só sei que precisa de uma reforma. Para variar, é mais uma concepção influenciada pelo "senso comum" corrompida de forma equivalente.
  Sei que a vontade que tenho por doce é psicológica, e se eu me convencesse de que não preciso dessas "porcarias", poderia simplesmente parar de ter esses impulsos. Mas... me dou conta que eu não quero parar com isso. O que sinto quando levo à boca algo açucarado não é algo que dá sentido à vida, mas, na verdade, é felicidade. E concluo que a felicidade também não é o que dá sentido à vida, mas é o que mascara nossa filosofia, esconde nossos pensamentos, nossas preocupações, nossa racionalidade. É o que nos faz parar de ter necessidade de pensar e nos convence que essa interrupção é uma coisa boa.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cabeça de manequim

Meus pais me perguntaram se eu aceitaria ir para um psicólogo. Fiquei surpreso. O primeiro pensamento que vem é inevitavelmente esse: "Eles acham que eu tô doido." Apesar de eu ter curiosidade em saber o quão confortável é aquela cadeira super acolchoada, vou recusar. Não quero que eles joguem dinheiro fora.
  Está claro que pensar demais faz mal. Tantos pensamentos assim me fizeram mudar de comportamento. Minha incompatibilidade com qualquer garoto "normal" de 16 anos faz com que meus pais pensem que eu esteja ficando maluco. Talvez um futuro psicopata?
  Tenho curiosidade, inclusive, em saber do que eu falaria com o(a) psicólogo(a). Acho que a minha "neura" mais notável é o medo. Tenho medo até do próprio medo — tenho medo de que meu medo me transforme num ermitão que não quer sair de casa de tão apavorado. Talvez eu contasse a ele(a) uma estória para justificar mais ou menos assim:
  Amarrado nas mãos e nos pés, incapacitado de fazer qualquer coisa, ele sente uma das dores mais insuportáveis do mundo. Seu corpo formiga e espalham-se frios de dormência por seus membros. Sua vista está embaçada, e seus gritos soam como expiros de um cachorro se afogando, pois a faca, fazendo som semelhante ao produzido quando tenta-se cortar uma caixa de papelão com uma lâmina dentada, já abriu sua laringe e o ar, obstruído pelo sangue que escorre no corte, não está mais saindo devidamente pela boca ou pelo nariz. Pensamentos ligeiros o dizem que ele irá morrer, e que não adiantaria mais ter esperanças de que os assassinos o solte. É então que, após perder muito sangue, ele passa a sentir os movimentos da faca um pouco mais suaves e despercebe a tração das raízes de seus fios de cabelo no couro-cabeludo devido ao maço que o decapitador está segurando firmemente. A visão deixou de ter sentido pra ele. Perdeu a percepção de sons, e não sentiu mais necessidade de gritar. Seus sentidos deixaram de existir, e é assim que acaba a vida de um adolescente russo de 17 anos por neo-nazistas.
  E pensar que ele foi uma criança feliz, que brincava com seus irmãos e seus amigos de rua. Morando numa família com uma mãe dona de casa e um pai administrador de escritórios que passava os dois dias de todos os fins de semana na frente da televisão. Talvez ele imaginasse seu pai fazendo alguma outra coisa da vida. Talvez ele imaginasse que seus pais se separassem ou parassem de brigar devido à folga do homem da casa. Mas ele com certeza nunca imaginou que acabaria com uma morte tão cretina, com sua cabeça sendo equilibrada sobre seu peito por uma mão de luva preta, como se fosse cabeça de manequim.

  Minha maior aflição é saber que todos estamos sujeitos a algo semelhante. Pode acontecer com qualquer um. Somos indivíduos, somos livres. Podemos ferrar com quem bem entendermos. Meu maior medo é de saber que algum conhecido meu que deu sumisso foi morto a sangue frio. Minha maior tristeza é ter que me conformar com minha impotência quanto a isso tudo. Não poderei mudar nada, não adianta. Mesmo se eu virasse presidente do mundo, essa putaria continuaria.

  Hoje minha irmã perguntou por que eu estava triste. Disse que era por causa do frio e do céu cinza. Menti.